Sei de cor e salteado absolutamente todas as falas do impossível diálogo estabelecido entre Ibrahim Sued e Chiquinho Scarpa nessa clássica entrevista exibida pelo Fantástico durante os loucos anos 70.
É uma obsessão. De tempos em tempos, volto a assisti-lo. Nos momentos mais inesperados, trechos me invadem como em um transe. Conheço cada detalhe deste vídeo.
Quando estive no Copacabana Palace, fiz questão de tirar uma foto no Pérgula, restaurante que existe até hoje e serviu de cenário para a história sendo feita.
Caso ainda não conheça, gostaria que o amigo leitor também tivesse a oportunidade de usufruir desse conteúdo.
Em uma das próximas edições desta newsletter, retorno para aprofundar o tema.
LITERATURA
Dráuzio Varella, o Charles Bukowski reverso
Por diversos motivos diferentes, dia desses parei para ler o livro sobre corrida do Dráuzio Varella. Chama-se “Correr” e narra as aventuras do bom doutor a partir da descoberta dos prazeres da atividade física.
Não deixa de ser adorável conhecer melhor as engrenagens da paixão tão arrebatadora e tardia, sobretudo pela experiência de correr maratonas e o entorno cultural da prática.
Entre dicas técnicas e contexto médico, ele recheia o tomo com causos a respeito de sua relação com o esporte. As primeiras corridas, as viagens inusitadas, a parceria com figuras como a cantora Zélia Duncan ou seu enteado Gabriel Braga Nunes.
De certa maneira, Dráuzio é o anti-Bukowski. Já longe da tenra idade, o poeta dedicava suas páginas às safadezas advindas de uma vida desregrada. Oferecia ao leitor nem sempre inspiradas ou bem acabadas lembranças de noites mal dormidas e ressacas violentas.
Seu nêmesis, o oncologista que virou escritor, vive sob a égide de uma realidade absolutamente diferente. Faz questão de mostrar todas as maravilhas de um cotidiano organizado, com a escolha sóbria pela saúde e a busca de alcançar bons objetivos.
É um caminho oposto que termina no mesmo lugar. As paralelas se cruzam na falta de constância em ambas as obras. “Correr” tem boas histórias, mas sofre da falta de foco que qualquer volume de “Ereções, ejaculações e exibicionismos” do velho e safado Buk.
Acaba parecendo um diário de anotações meio aleatórias, que às vezes saem um pouco demais do eixo principal, pela satisfação de reforçar quem é. Na maior parte do tempo, é justamente para isso que serve beber até cair ou correr até fazer calos nos pés.
Domenico+2 - Felizes ficaremos na estrada
Chico, o texto do Drauzio merecia uma edição exclusiva da newsletter dado ótimo título (e pq sou fã do drauzio)
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